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O MAIOR ARRAIAL DA AMAZÔNIA: TRADIÇÃO E EMPREENDEDORISMO

Por Victória Araújo Viana 


A cidade de Boa Vista teve dias agitados na primeira semana de junho. O clima festivo tomou conta da Praça Fábio Marques Paracat com a realização da 25° edição do Boa Vista Junina. O evento que começou sua história no ano de 2001, já se tornou uma data aguardada no calendário de muitos roraimenses, e traz uma grande movimentação cultural e econômica para o estado.


A edição comemorativa deste ano durou seis noites de muita festa e recebeu um público de aproximadamente 323 mil pessoas.


A MAIOR PAÇOCA DO MUNDO: SABOR E TRADIÇÃO


ORGANIZAÇÃO DA PAÇOCA EM POTES PARA A DISTRIBUIÇÃO - IMAGEM: VICTÓRIA ARAÚJO
ORGANIZAÇÃO DA PAÇOCA EM POTES PARA A DISTRIBUIÇÃO - IMAGEM: VICTÓRIA ARAÚJO

A maior paçoca de carne seca do mundo foi um dos grandes destaques da festa. O prato típico, que é considerado a cara da culinária roraimense, já se tornou tradição e atrai centenas de pessoas para a sua distribuição após pesagem. Feita de carne seca, farinha de mandioca e cebola, a iguaria de origem indígena está presente na festividade desde 2015. Um símbolo do arraial roraimense que mais uma vez bateu o recorde de maior paçoca de carne seca do mundo chegando a 1 tonelada e 547,5kg nesta edição, mantendo seu registro no livro dos recordes.


CRESCIMENTO DA PAÇOCA AO LONGO DOS ANOS - IMAGEM: VICTÓRIA ARAÚJO
CRESCIMENTO DA PAÇOCA AO LONGO DOS ANOS - IMAGEM: VICTÓRIA ARAÚJO

De acordo com a Prefeitura de Boa Vista, mais de 18 mil pessoas tiveram a oportunidade de saborear a paçoca, que todos os anos é distribuída de maneira gratuita após a pesagem. Esse ano, duas filas de grande extensão se formaram na expectativa .


A universitária Mikaelle Buff diz ter enfrentado uma fila enorme para garantir seu pote de paçoca, mas que não se arrepende.


“Eu cheguei e percebi que tinha muita gente daí pensei em não entrar na fila mas acabei entrando e foi super rápido, consegui o meu pote e estava uma delícia”, comenta a estudante


FOTO 2 - ESTUDANTE DE JORNALISMO MIKAELLE RÊGO - IMAGEM: ARQUIVO PESSOAL
FOTO 2 - ESTUDANTE DE JORNALISMO MIKAELLE RÊGO - IMAGEM: ARQUIVO PESSOAL

Este ano, cada pote distribuído ao público contava com 200 gramas de paçoca acompanhados de uma banana, a combinação perfeita do prato. O trabalhador do comércio Naldo, contou que enfrentou a fila para conseguir provar do prato e afirmou:


“A paçoca está gostosa, o tamanho está bom, está bem legal, dá para aproveitar bem”, relatou.


TRABALHADOR DO  COMÉRCIO NALDO - IMAGEM: VICTÓRIA ARAÚJO
TRABALHADOR DO COMÉRCIO NALDO - IMAGEM: VICTÓRIA ARAÚJO

EMPREENDENDO NO SÃO JOÃO


Nem só de paçoca vive o Boa Vista Junina, durante todo o evento foi possível saborear dos mais diversos pratos típicos da época e até os mais diferentes.


Na festividade, foi possível ver diversas tendas de comidas típicas como, bolo de milho, maçã do amor, canjica.


Entre tantas variedades, um casal de venezuelanos Yorselys e José, recém-chegados no Brasil ao saberem da festividade, resolveram se aventurar na venda do tradicional milho cozido. A empreendedora destacou sua surpresa ao se deparar com as proporções do evento, ficando deslumbrada com os grupos de quadrilha, comidas e as atrações.


VENDEDORES DE MILHO COZIDO YORSELYS E JOSÉ  - IMAGEM: VICTÓRIA ARAÚJO
VENDEDORES DE MILHO COZIDO YORSELYS E JOSÉ - IMAGEM: VICTÓRIA ARAÚJO

O casal disse que a preparação para o momento das vendas passou por uma vistoria dos insumos e utensílios necessários.


“A preparação do milho, juntamente com a limpeza e os acessórios adicionais para venda, foi um processo muito detalhado e seletivo”, destacou Yorselys.


De acordo com os vendedores, a procura pelo seu ingrediente principal não foi difícil por se tratar de um produto base para as receitas típicas da época junina. Yorselys relata:


“A demanda por milho durante esta temporada de festivais de junho é maior do que no resto do ano, já que a cultura se baseia principalmente na espiga e em todos os diversos alimentos que a acompanham.”


A presença do casal de origem estrangeira simboliza a diversidade cultural presente em Roraima que vem enriquecer a celebração, promovendo experiências de trocas culturais e também a divulgação da cultura do extremo norte brasileiro.


Um evento de tamanha proporção não conta apenas com os pratos típicos da época. No Boa Vista junina foi possível encontrar também iguarias que não são típicas de arraial e tão pouco da culinária nortista.


Em um espaço disponibilizado pela prefeitura através de um sorteio o público pode desfrutar da culinária baiana com o acarajé servido pela empresária Rose Miranda.


EMPRESÁRIA ROSE MIRANDA - IMAGEM: VICTÓRIA ARAÚJO
EMPRESÁRIA ROSE MIRANDA - IMAGEM: VICTÓRIA ARAÚJO

“Desde que anuncia o Boa Vista Junina, que sai aquele edital e tudo, já se cria uma expectativa, porque a gente sabe que é um evento de grande porte, e com isso há oportunidades de vendas melhores, então já cria aquela expectativa de tudo, da preparação, a gente fica naquele aguardo de que aconteça aquela espera meio ansiosa, na expectativa de nós estarmos também participando”, relatou a empreendedora.


Ela e sua equipe participaram pela segunda vez do evento e destacaram que apesar de não ser um alimento tradicional nas festas de São João, a busca pelo acarajé no evento é grande.


“Aí você pensa assim, o acarajé é uma coisa que talvez não seja tão procurado, mas quem pensa assim se engana…muita gente que ainda não experimentou tem a curiosidade de experimentar, de conhecer, de saber como é”, diz Rose.


Ao todo 15 barracas compunham a praça de alimentação com um espaço de 3 metros de largura para 3 de comprimento disponível para cada vendedor, que permaneceu lotada durante as seis noites de festa. A empreendedora destacou a sua vontade de que o espaço fornecido para os visitantes fosse maior. Ela disse que, por conta da alta demanda, as mesas são insuficientes para atender ao público que chega até eles.


PRAÇA DE ALIMENTAÇÃO DO BOA VISTA JUNINA - IMAGEM: VICTÓRIA ARAÚJO
PRAÇA DE ALIMENTAÇÃO DO BOA VISTA JUNINA - IMAGEM: VICTÓRIA ARAÚJO

“Se houvesse a oportunidade de colocar mais mesas, talvez fosse melhor. Mas como é uma praça de alimentação com um número determinado de tendas, então eu acho que isso realmente dificulta para que algumas possam colocar um volume maior de mesas e cadeiras”, falou a empresária. 


Apesar de corrido e cansativo, os dias de arraial são gratificantes para muitos empreendedores que enxergam em eventos desse tipo uma chance de lucro, movimentação, e uma visibilidade a mais que pode se prolongar, alavancando e dando força para seus negócios, sejam eles iniciantes ou com uma certa bagagem de história.



 
 
 

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