Junho Vermelho: Como a doação de sangue se mantém relevante além da data
- ranioralmeida
- 2 de jul.
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Além das festas juninas, o mês de junho é marcado pela campanha Junho Vermelho que busca conscientizar sobre a importância da doação de sangue.
Por Juliana Soares e Yasmin Tavares

Coleta de Sangue dentro do Hemoraima, por Yasmin TavaresColeta de Sangue dentro do Hemoraima, por Yasmin Tavares
A doação de sangue é uma ação que frequentemente está em destaque em Roraima, sendo palco de campanhas e projetos para fomentar essa atividade na região e manter a constância no abastecimento de bolsas reservas para tratamentos emergenciais.
O ato de doar sangue é crucial para certificar a manutenção do sistema de saúde local. O sangue é essencial para auxiliar no tratamento de pacientes, como na terapia de doenças crônicas, transplantes, emergências cirúrgicas e cirurgias em geral.
Em razão da importância desse elemento, o dia 14 de junho foi estipulado como Dia Mundial do Doador de Sangue, para homenagear o médico Karl Landsteiner, responsável por descobrir o fator RH (que determina se o sangue é positivo ou negativo) e pela classificação dos grupos sanguíneos, o sistema A B O. Apesar da criação de uma data, a ação se estende por todo o mês de junho, a fim de garantir uma plena conscientização para a causa.
Como é feita a doação de sangue?

Hemoraima, por Yasmin Tavares
O Hemoraima é o hemocentro do estado e principal centro de doação de sangue de Roraima. Localizado na Av. Brg. Eduardo Gomes, ao lado do Hospital Geral de Roraima (HGR), o ambiente conta com profissionais e equipamentos voltados para a coleta e armazenamento do sangue, além de elaborar campanhas e parcerias a fim de instigar a doação. Outras iniciativas são alinhadas com a Universidade Federal de Roraima (UFRR), a fim de estimular pesquisas voltadas à saúde do sangue e campanhas do junho vermelho.
Patrícia Veríssimo, diretora do Hemocentro de Roraima, descreve a importância do da instituição para o contexto roraimense como um todo e não apenas para a capital. O Centro de Hemoterapia e Hematologia de Roraima, mais conhecido como Hemoraima, é a única unidade hospitalar que abastece, com as bolsas de sangue, as unidades hospitalares do Estado. Tanto interior quanto capital, tanto as unidades públicas quanto privadas. Ela relata que a unidade possui alta demanda pois atende de forma diária cirurgias eletivas, de urgência e emergência, atendendo também um número alto de demandas na área de oncologia, especialidade médica que se dedica ao estudo, diagnóstico e tratamento de tumores, sejam eles benignos ou malignos. Patrícia ainda destaca que o sangue é também utilizado nas unidades infantis por todo o estado.
Ela explica que o Junho Vermelho é mais uma das oportunidades de conscientizar sobre a importância da doação, já que são as doações regulares que conseguem manter os bancos abastecidos.
Patrícia explica como o procedimento ocorre no Hemocentro e o que acontece com o sangue recebido após a doação.
Patrícia ainda esclarece para caso de receios pelo momento de coleta, que ação é indolor e que os equipamentos são descartados, não havendo uso repetido e risco de graves consequências.
Quais os parâmetros para se tornar um doador?
Para aqueles que desejam participar da campanha de doação de sangue ou se tornarem doadores frequentes, há uma série de requisitos a serem atendidos, a fim de não comprometer a saúde do doador e de quem irá receber o material.
Dentre as condições necessárias há exigências básicas, como estar pesando pelo menos 50 kg, estar bem alimentado e descansado, apresentar documentação com foto e estar em plena saúde física. Além disso, existem fatores que inviabilizam o fornecimento temporário ou definitivo do sangue.
Abaixo segue uma relação das demais circunstâncias que devem ser consideradas para quem possui a intenção de doar sangue:

É crucial respeitar o intervalo entre a coleta de sangue, assegurando a saúde de quem doa e a qualidade do sangue doado.
Experiências de quem entrou em ação para ajudar
O ato de doar sangue sempre foi visto como também um ato de amor pela assistente administrativa Rhaiana Castelo, que assim que completou a idade mínima para doar, 16 anos, não pensou duas vezes para realizar essa ação. O que a jovem não esperava era ter um processo mais desafiador que o comum, pois mesmo após passar pelos primeiros procedimentos, teve dificuldades no momento de executar a doação e teve uma demora maior que o esperado, mas contou com a atenção dos atendentes.
Já em outra tentativa, afirma não ter conseguido nem metade da bolsa, apesar do auxílio dado. Ela relata que houve dificuldade da atendente em conseguir acessar sua veia. A seringa era retirada e colocada, mas a doação pode ser concluída. Rhainara diz ter descoberto que o que estava causando essas dificuldades e até um impedimento era a rapidez com que seu sangue coagulava.
Apesar das dificuldades que passou e que poderiam fazer muitos desistirem de doar pelo desconforto, a jovem diz que sente vontade de continuar doando, pois enxerga a ação como um ato de amor e que deve buscar entender o que causaria essa coagulação do sangue com rapidez acima do esperado.
“Eu acredito que, além de uma forma de você ajudar o próximo, ajudar pessoas que você nem sabe quem são, é um hábito de amor mesmo, amor é o próximo. Eu sou católica, a gente é muito ensinado a amar a Deus e ao próximo também. O sangue se regenera, então assim, não é uma perda, né? Você ganha muito mais.”

Rhainara, por: Yasmin Tavares
Como doadora e alguém que enxerga a importância do ato, a jovem afirma enxergar a necessidade de campanhas mais eficientes, pois interpreta que muitos são frios em relação a números, quando revelada a situação do banco de sangue.
“Acredito que se o governo, de alguma forma, a Secretaria de Saúde, mostrar um pouquinho a realidade, mostrar a situação dos pacientes no HGR; olha, nós temos tantas cirurgias, que a gente está demorando porque não têm bolsas de sangue disponíveis. Eu acredito que a população sensibilizaria um pouquinho mais.”
O ano de 2025 foi o escolhido pela estudante Ketelyn Alves para realizar sua primeira tentativa de doação, aproveitando uma campanha de doação realizada pela sua faculdade. Apesar de tudo ter ocorrido de forma normal no atendimento até a doação, a jovem passou por um susto: um desmaio causado pela queda de pressão.
Mas mesmo com o susto a estudante reafirma a importância: “É um ato muito importante para a saúde pública, uma doação pode salvar vidas.”

Ketelyn Doando Sangue, Imagem de Arquivo Pessoal
A jovem afirma ter tido um atendimento que a deixou tranquilizada antes da doação, com explicações sobre como seria realizado o ato, os resultados dos exames disponíveis e o período para doações.
Em relação ao medo e até o preconceito existente com as doações, Ketelyn afirma que acredita sim que eles existam, que tenha uma desinformação presente, mas que quando se procura o procedimento e o atendimento, é possível perceber que, na verdade, é algo simples, que os medos não possuem fundamentos.



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