Fanatismo e Cultura de Fãs: Os Limites Entre Admiração e Obsessão
- Joao Gabriel Grana
- 24 de jun.
- 3 min de leitura
Por Mikaelle Rêgo Buff

A admiração por artistas sempre fez parte da cultura pop, com criação de fandons, comunidades, mas com o crescimento das redes sociais, essa relação ganhou uma nova proporção. Ser fã deixou de ser apenas sobre gostar de uma música ou filme, virou estilo de vida, identidade, e em muitos casos, obsessão.
Nesta matéria, conheça relatos sinceros de fãs, análise de um especialista e o impacto que essa admiração pode causar na vida pessoal, emocional e social.
O laço emocional com os ídolos:
Para muitos fãs, os ídolos não são apenas artistas: são companhias em momentos difíceis, e até mesmo um refúgio
O estudante de direito Gabriel Ronald, fã da banda One Direction (Directioner), compartilhou como a relação com o grupo marcou sua vida e como o falecimento de Liam Payne ex-vocalista da boyband One Direction o afetou em parte sua vida pessoal:
“O constrangimento que causou foi que o Liam Payne faleceu, né? E aí algumas pessoas não entendiam, tipo, o tanto que eu gostava dele, e aí nesse sentido gerou constrangimento.”
Gabriel também comenta sobre os julgamentos que sofreu:
“Eu já ouvi essa frase ele nem sabe quem você é inúmeras vezes, principalmente porque eu sempre brinquei dizendo que o Liam era o meu primeiro amor e tal, e mesmo sendo só um cantor, fez parte da minha vida sabe, ajudou a mudar o meu caráter.”
Ao ser perguntado sobre continuar sendo fã Gabriel declarou :
E quando a paixão gera brigas?
Em alguns casos mais intensos, o fanatismo pode interferir até nas relações pessoais. O estudante de Jornalismo Alan Jorge, fã da cantora Taylor Swift, relata um desentendimento com um amigo que acabou com o fim de uma amizade:
“já briguei também com esse amigo meu por conta de um post que ele fez no Twitter criticando a Taylor […], até que a gente brigou por umas três vezes e aí acabou a amizade e enfim, eu saí em defesa dela, claro.”
Mesmo sem participar de comunidades de fãs, Alan reconhece a importância dessa rede:
“Eu não participo ativamente num grupo de fãs ou de uma comunidade, […] Eu acho muito interessante que tem fãs espalhados por todo o Brasil e que nos conectam a partir de uma artista.”
Alan por fim acrescenta:
Quando a admiração deixa de ser saudável?
Segundo o psicólogo Pedro Henrique Rocha Silva pós-graduado em Neuropsicologia e Terapia Cognitiva Comportamental e Análise Comportamental explica a diferença entre admiração saudável e obsessiva:
“a admiração saudável é apreciar o talento do artista, achar legal o que ele faz, se identificar com seu tipo de arte, mas quando passa a ser alguém que você quer ser, alguém que você chega a colocar acima de coisas importantes em sua vida, como trabalho, amigos, família e até de você mesmo se torna algo obsessivo.”
Ele explica que o comportamento pode ser agravado pelas redes sociais, dão uma ilusão de proximidade, :
“a sensação da amizade imaginária, a falsa conexão, a pessoa achar que algo está sendo feito por ela, […] A pessoa quer sempre estar online, atualizada, vendo tudo em tempo real. Quando não consegue, ela sente ansiedade, irritação e até abstinência emocional. É um tipo de vício comportamental do comportamento.”
E declara sobre existir algum tipo de perfil comportamental que seja mais vulnerável a ser um fanático:
A experiência de ser fã:

Ser fã é uma experiência única, pode unir pessoas, ajudar em momentos difíceis e inspirar mudanças. Mas, como tudo na vida, é preciso equilíbrio. Quando o amor por um artista começa a interferir nas relações, na saúde mental e no bem-estar, talvez seja hora de reavaliar os limites dessa admiração.



Comentários