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Esporte paralímpico cresce em Roraima com foco na formação de atletas

Por: Ananda Sales e Lucas Castro


Segundo o IBGE, cerca de 5,6% da população de Roraima declara ter algum tipo de deficiência,  o que representa um número significativo de pessoas que poderiam se beneficiar de políticas públicas inclusivas. No entanto, o acesso ao esporte adaptado no estado permanece limitado devido a barreiras estruturais, como a falta de equipamentos adequados, escassez de espaços acessíveis e dificuldades no transporte público, que comprometem a mobilidade e a participação efetiva dessas pessoas. Em meio a esse cenário, iniciativas locais tentam preencher essas lacunas.


Um dos principais espaços de apoio ao esporte adaptado no estado é o  Centro de Referência Paralímpico de Roraima (CRP-RR), instalado na Universidade Estadual (UERR), em parceria com o Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) que  oferece atividades gratuitas para pessoas com deficiências físicas, visuais ou intelectuais.  Criado em 2019, com apenas duas modalidades esportivas, o espaço passou por um período de paralisação em 2020 devido à pandemia de Covid-19 e retomou as atividades em setembro de 2021, já com quatro tipos de esportes.


Atualmente, o centro oferece 10 modalidades esportivas e atende 134 alunos. Segundo o coordenador Vinícius Denardin, o avanço é resultado do apoio da Universidade Estadual de Roraima (UERR), do poder público e de uma emenda parlamentar do deputado Marcinho Belota, que possibilita investir em competições para os atletas.


“Hoje temos uma realidade diferente. Contamos com 10 modalidades, 134 alunos, suporte da UERR e do poder público. Essa estrutura nos permite pensar em competições e no desenvolvimento esportivo dos nossos alunos”, afirmou Denardin.


Vinícius Denardin - Coordenador do Centro de Referência Paralímpico de Roraima.                                          Foto: Lucas Castro
Vinícius Denardin - Coordenador do Centro de Referência Paralímpico de Roraima. Foto: Lucas Castro

Mais do que esporte: espaço de acolhimento e diversidade

Além de espaço para prática esportiva, o CRP-RR funciona como um ponto de integração entre atletas brasileiros e migrantes. É o caso do venezuelano Gabriel Rojas, que conheceu o basquete adaptado em seu país, na equipe Los Aguerridos. No Brasil, passou a treinar após ser convidado no abrigo onde mora. “A gente começou por brincadeira, mas depois falaram que a gente pode competir também, então temos nos motivado”, conta.


Gabriel Rojas durante treino de basquete adaptado realizado pelo Centro. Foto: Lucas Castro
Gabriel Rojas durante treino de basquete adaptado realizado pelo Centro. Foto: Lucas Castro

Outro participante é o Abidon Batista que passou a integrar o time de basquete em cadeira de rodas há dois anos depois de ser informado por um amigo sobre um treino aberto na cidade.

 

“Um amigo me falou e eu perguntei se eu podia participar e disse que sim. Comecei a treinar e tem sido uma experiência muito boa. Além da atividade física, a modalidade exige técnica e adaptação, porque as cadeiras são bastante ágeis”, explica. Desde então, ele participa dos treinos regularmente. 


Abidon Batista em treino de basquete em cadeira de rodas. Fonte: Lucas Castro
Abidon Batista em treino de basquete em cadeira de rodas. Fonte: Lucas Castro

Além do basquete, Abidon também participa das atividades de tiro com arco, com treinos duas vezes por semana e, tem como meta ampliar o número de medalhas que já conquistou em edições anteriores. “Quero buscar aumentar o número de medalhas. Tenho treinado e a gente está se organizando e focado nesse objetivo”, comenta. Para ele, a vivência no esporte é resultado de acesso e oportunidade, que são elementos fundamentais para a construção de um cenário esportivo mais inclusivo e estruturado no estado. 



As atividades são acompanhadas por profissionais de Educação Física, como Yago Saraiva, 27 anos. Ele destaca o clima de harmonia entre brasileiros e migrantes durante os treinos, além disso, Yago explica como são realizadas as atividades.


‘’Aqui no centro, a iniciação é fundamental. Partimos da iniciação e avançamos até o alto rendimento e a competição. Focamos na pessoa e na cultura, pois trabalhamos com muitos venezuelanos. Essa mistura de culturas e a interação entre eles é ótima. Além disso, estamos promovendo competições para agregar valor à competitividade, que é sempre bem-vinda’,’ destaca.


Yago Saraiva - profissional de Educação Física no Centro de Referência Paralímpico. Foto: Lucas Castro
Yago Saraiva - profissional de Educação Física no Centro de Referência Paralímpico. Foto: Lucas Castro

Muitos participantes conciliam os treinos com trabalho, estudos ou tratamentos médicos. Além das dificuldades de acesso ao transporte. O centro ainda possui pouca visibilidade nos canais institucionais e na mídia local.


Investimentos e novos horizontes em 2025


O Centro de Referência Paralímpico Brasileiro de Roraima vive um novo momento em 2025.  Além de mais estrutura para os atletas, os profissionais que atuam no projeto também passaram por melhorias. No início, os professores não eram remunerados; agora, todos recebem pagamento, seja pelo Comitê Paralímpico ou pela UERR. O centro também conta com oito bolsistas acadêmicos de Educação Física, que auxiliam nas atividades e têm incentivo para participar de cursos de qualificação.


“Hoje temos professores remunerados e incentivo para que busquem capacitação e tragam novos conhecimentos. Ainda precisamos, no entanto, de mais profissionais de Educação Física atuando no universo paralímpico”, reforça Denardin, coordenador do Centro.


Outro avanço está na oferta de materiais esportivos. Segundo Denardin, a adaptação sempre fez parte do dia a dia do paradesporto, mas agora o centro dispõe dos recursos necessários para que os professores desenvolvam as aulas com qualidade.


“O material esportivo não é mais uma preocupação. Já temos equipamentos à disposição para que o trabalho com os alunos seja completo”, afirmou.


Materiais esportivos disponibilizados Pelo CRP-RR. Foto: Lucas Castro
Materiais esportivos disponibilizados Pelo CRP-RR. Foto: Lucas Castro

Mesmo com os avanços, o coordenador lamenta que o alcance do projeto ainda seja limitado. Uma das metas para 2025 é levar o trabalho ao interior do estado, onde há pessoas com deficiência que ainda não têm acesso às atividades esportivas.


“Sabemos que existem muitas pessoas com deficiência em Roraima, mas ainda não conseguimos chegar até elas. Falta transporte, falta divulgação. Gostaríamos muito de atingir mais gente, principalmente no interior”, concluiu.


Apesar dos desafios, o espaço segue funcionando de forma gratuita como uma alternativa para quem busca inclusão por meio do esporte. Para os atletas, o centro representa mais do que treino, é uma forma de fortalecer vínculos, estabelecer objetivos e ampliar possibilidades dentro das modalidades.


Para mais informações sobre o Centro de Referência Paralímpico em Roraima, entre em contato pelo telefone (95) 98120-2329 ou acesse o perfil no Instagram: @centroparalimpicorr.


 
 
 

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