top of page

Elevado número de filhos por mulher em Roraima não está ligado somente à migração, afirma especialista

Por: Juliana Mourão


Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que Roraima possui a maior média de filhos por mulher em todo o Brasil. Os números são resultados do Censo Demográfico de 2022, indicam que o número em Roraima é de 2,19 filhos por mulher, maior que a média nacional, de 1,55.


O cientista político e sociólogo Paulo Racoski avalia que esses dados podem estar ligados a uma característica particular do estado: o estilo de vida. Enquanto grandes metrópoles levam rotinas mais densas, Roraima agrega quando se trata de oportunidades e qualidade de vida, o que atrai o público que pensa em dar tranquilidade para as próximas gerações.


“Os pais têm essa ideia de que Boa Vista e o estado de Roraima (todos os outros 14 municípios) são lugares ainda tranquilos no Brasil, para ter filhos e formar família e educar filhos, essa ideia de uma vida ainda interiorana que se tem alimentado ao longo dos anos e com isso a natalidade aumenta. Tem-se mais filhos por casais, tanto de casais novos e casais com mais idade, acima de 40 anos, casados ou não casados... As famílias são múltiplas. Então, se uma mulher para casar várias vezes e criar os filhos de vários relacionamentos, um homem casa várias vezes e cria os filhos de vários relacionamentos com as mulheres, e assim por diante”.


Os dados apontam ainda que a média de idade do início da maternidade é aos 26,9 anos. A enfermeira Lilian Cristina, 25, deu à luz ao pequeno Pedro Henrique em dezembro de 2024. O desejo de ser mãe sempre foi uma certeza, e o processo da gravidez fez com que ela se aproximasse também de outras mulheres que esperavam por um filho.“No trabalho, pessoas de setores e áreas diferentes da minha acabaram se tornando muito próximas de mim devido estarmos vivendo a mesma experiência desde a gravidez. Hoje são pessoas com quem tenho contato e a gente troca muita experiência, compartilha muitas coisas dos nossos bebês”.


Também tenho amigas, daquelas que a gente acaba perdendo aquele contato frequente, mas que engravidamos praticamente juntas e hoje também são pessoas próximas com quem compartilho a experiência, trocamos dicas…”, compartilhou Lilian, uma das mamães roraimenses. 



Esse aumento é por conta dos migrantes? 



Com a onda migratória, ocorrendo no estado desde 2017, uma possível influência para esse número ser maior em Roraima é a concentração de venezuelanos que vem para o estado e têm filhos no país. O especialista não descarta essa possibilidade, mas enfatiza que dentro da realidade roraimense, esse fator não pode ser considerado como uma determinante.




Outro ponto levantado por Racoski é a pandemia da Covid-19. Dentro de casa, com um convívio mais intenso, a tendência de famílias aumentarem também teve uma influência sobre esses números, na visão do sociólogo.


Para Lilian, a experiência vem do desejo de infância e contribuiu para o desenvolvimento pessoal. Muito mais que aumentar a família, a maternidade vêm sendo um desafio a ser vencido e encarado com coragem, e claro, muito amor.“É um misto de emoções.  Mesmo que eu esteja vivendo meu sonho eu não vou romantizar (risos” é difícil, é desafiador, a gente fica bem mais vulnerável…. E ao mesmo tempo fica mais forte (a gente meio que se obriga a ser forte). Sei que parece contraditório mas não tem outra forma de explicar. Eu estou amando viver essa experiência, eu amo meu filho e sei que ele me tornou uma pessoa muito melhor”, compartilhou Lilian. 


 
 
 

Posts recentes

Ver tudo

Comentários


Logo 2.png
  • Spotify
  • Instagram
  • Twitter

© 2025 

bottom of page