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DIVERSIDADE Grupo garante direitos e inclusão no mercado de trabalho à comunidade LGBTQIAPN+

Uma das maiores dificuldades que o grupo enfrenta é a falta de recursos financeiros


Por: Edilson Rodrigues e Maciel Luiz


Grupo promove palestras voltadas à conscientização sobre diversidade de gênero e sexualidade. Foto: Arquivo pessoal.
Grupo promove palestras voltadas à conscientização sobre diversidade de gênero e sexualidade. Foto: Arquivo pessoal.

Fundado em 2003, o Grupo Diversidade atua junto à comunidade LGBTQIAPN+, promovendo a inclusão e garantindo direitos, além de oferecer apoio psicológico, social e jurídico a essas pessoas.


Segundo o presidente do Grupo, Sebastião Diniz, são atendidas mais de 300 famílias em Boa Vista e os mesmos serviços estão sendo disponibilizados no município de Rorainópolis, onde recentemente foi implantada uma filial da entidade.


“O grupo tem o objetivo de garantir direitos, deveres e respeito para a nossa população, nesse quadro da cidadania plena. Ofertamos atendimentos psicológico e jurídico, cursos e distribuímos cestas básicas doadas pelo programa Mesa Brasil, toda semana”, comentou Diniz. 


Ele disse que o atendimento é estendido às famílias LGBTQIAPN+, homoafetivas e cis, com cursos, palestras e orientações, com o apoio de faculdades, escolas e outras instituições que dão um norte sobre os direitos e deveres dessa comunidade.


“Em parceria com essas instituições, desenvolvemos ações de acolhimento, campanhas de combate à discriminação e programas de educação voltados à conscientização sobre diversidade de gênero e sexualidade. Também oferecemos cursos de capacitação profissional, ajudando na geração de renda e na inserção no mercado de trabalho”, afirmou Diniz.


O presidente ressaltou que umas das maiores dificuldades que o grupo enfrenta é a falta de recursos. “Precisamos de apoio financeiro para manutenção predial, limpeza, capina, tudo isso tem que ser distribuído voluntariamente e isso requer sempre uma troca para a mão de obra. Os profissionais que temos na prestação de serviços trabalham com a gente de maneira voluntária”, comentou.



Jovem recebe apoio psicológico e inclusão no mercado de trabalho


Davi Pinheiro: “No Diversidade passei a ter segurança para me expressar, longe de preconceitos e discriminações”. Foto: Edilson Rodrigues.
Davi Pinheiro: “No Diversidade passei a ter segurança para me expressar, longe de preconceitos e discriminações”. Foto: Edilson Rodrigues.

Aos 14 anos de idade, o jovem Davi da Silva Pinheiro reconheceu sua própria orientação sexual como gay, mas não se sentiu à vontade para se expressar com os pais e colegas, e viveu um período de muita introspecção e conflito interno. Mesmo conhecendo sua própria identidade, ele enfrentou o medo do julgamento, da rejeição ou da incompreensão por parte de familiares, amigos e da sociedade. 


“Passei quase dois anos assim, silencioso, e isso me trouxe sentimentos de isolamento e ansiedade. Diante desse quadro, procurei o Grupo Diversidade, onde recebi atendimento psicológico e me senti seguro, acolhido e aceito, e compreendi que minha orientação sexual é apenas uma parte de quem eu sou”, comentou Davi, hoje com 16 anos. Ele é estagiário em um órgão público, atuando como videomaker na Assessoria de Comunicação, e é estudante do segundo ano do Ensino Médio, na Escola Estadual Ana Libória.


O jovem contou que no Grupo Diversidade se sentiu seguro para se expressar e se desenvolver, longe de preconceitos e discriminações. “Tive acesso a apoio emocional, orientação social e capacitação, que contribuíram para eu me fortalecer e até para a construção de uma identidade mais confiante. Esse acompanhamento me ajudou a superar desafios que antes me deixavam aflitos”. 


Ele contou que, com o trabalho como estagiário, está um pouco afastado do Diversidade, mas não abandonou o Grupo. “E nem posso, pois sou muito grato. Por algum tempo, acho que por três meses, também recebi cesta básica, o que ajudou muito em casa, pois além de meus pais tenho seis irmãos. E hoje trabalho como estagiário graças ao presidente do Diversidade, Sebastião Diniz”, ressaltou Davi, que sonha em ser advogado. 


Davi assume sua sexualidade e recebe apoio dos pais


Depois de passar pelas sessões de psicologia no Grupo Diversidade, o jovem contou que decidiu falar com os pais sobre sua sexualidade. “Foi um alívio tão grande. Eles não se preocuparam muito, essa é a frase, eles não se preocuparam. Meus pais eram um pouco fechados comigo, mas quando assumi ficamos amigos. Eles são muito bons, me apoiam sempre. E com meus irmãos a relação é ótima também”.


Davi revelou que tinha medo de ser rejeitado, e acredita que isso não ocorreu porque seus pais viram seu esforço nos estudos, de ter ajudado em casa com as cestas básicas e estagiando, ganhando seu próprio dinheiro.


Acolhimento psicológico a diversidade: desafios e avanços no atendimento à população LGBTQIAPN+


Psicóloga Claudenira. Foto: arquivo pessoal
Psicóloga Claudenira. Foto: arquivo pessoal

O atendimento psicológico à população LGBTQIAPN+ tem ganhado novos contornos nos últimos anos, acompanhando o avanço das discussões sobre diversidade e inclusão. No entanto, ainda existem desafios importantes a serem enfrentados. A psicóloga Claudenira Guerra, com atuação voltada ao acolhimento de pessoas LGBTQIAPN+, compartilha sua experiência e aponta caminhos para um atendimento mais empático e eficaz ao grupo Diversidade.


Segundo Claudenira, as principais demandas trazidas por essa população nos atendimentos envolvem questões ligadas à identidade de gênero, orientação sexual, aceitação familiar, vivência de discriminação, além de sintomas de ansiedade, depressão e dificuldade de pertencimento.


"Muitos pacientes buscam um espaço seguro para falar sobre suas experiências, sem medo de julgamento ou invalidação", afirma.


Com o avanço dos debates sociais, ela observa que muitos pacientes chegam mais conscientes de quem são. Ainda assim, os desafios estruturais e emocionais permanecem presentes. A psicóloga explica que as necessidades também evoluíram, antes centradas na afirmação da identidade, hoje incluem temas como relacionamentos saudáveis, saúde mental integral e autoconhecimento.


Para garantir um ambiente terapêutico seguro, Claudenira adapta sua abordagem com escuta ativa, linguagem inclusiva e respeito aos pronomes e identidades informadas. O foco, segundo ela, é criar um espaço de não julgamento.


"A abordagem é centrada na pessoa e adaptada à sua realidade única", explica.


Entre os desafios mais recorrentes está o impacto da violência simbólica e estrutural que muitos desses pacientes enfrentam, especialmente pela rejeição familiar, bullying e exclusão social ou religiosa. Ela reforça que o vínculo entre terapeuta e paciente, conhecido como "rapó", é essencial para fortalecer o processo terapêutico.


Para se manter atualizada e sensível às questões da diversidade, Claudenira participa de cursos, acompanha produções acadêmicas, consome conteúdos de profissionais especializados e está atenta aos relatos do próprio grupo Diversidade.


"Também faço uma autoavaliação constante dos meus próprios preconceitos para manter uma postura ética e em constante aprendizado", destaca.


O trabalho de profissionais como Claudenira é um passo importante para transformar os consultórios em espaços mais inclusivos e acolhedores, onde cada pessoa possa ser ouvida em sua totalidade com respeito, escuta e empatia.


 
 
 

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