Conheça o Flag Football: o esporte olímpico que ganha praticantes em Roraima
- Joao Gabriel Grana
- 2 de jul.
- 5 min de leitura
Por: Ananda Sales e Lucas Castro

Menos contato físico, mais agilidade e inclusão. Assim pode ser definido o flag football, esporte que mistura estratégia e velocidade e que vem conquistando cada vez mais espaço no Brasil. A modalidade, que fará sua estreia nas Olimpíadas de Los Angeles em 2028. também começa a se consolidar em Roraima, com equipes locais participando de campeonatos nacionais e representando o estado em todo o país.
O que é o flag football?
Considerado um “irmão” do futebol americano, o flag football é praticado em campo reduzido, com menos jogadores e praticamente sem contato físico. O nome vem das flags (bandeiras ou fitas) presas à cintura dos atletas, que os adversários devem retirar para interromper uma jogada.
Na prática, jogam cinco atletas por equipe: um time ataca e o outro defende. As partidas são divididas em dois tempos de 20 minutos. O objetivo, como no futebol americano, é avançar com a bola até a endzone adversária e marcar o touchdown, que vale seis pontos.
A principal diferença está também na eliminação das divididas com os adversários (tackle), basta puxar uma das fitas presas à cintura para encerrar a jogada. Isso torna o esporte mais acessível e seguro, já que não exige equipamentos como capacetes e ombreiras.
No Brasil, o esporte é regulamentado pela Confederação Brasileira de Futebol Americano (CBFA), entidade responsável também pelo futebol americano de areia e pelas seleções nacionais das duas modalidades.
Flag football em Roraima
A Federação de Flag Football e Futebol Americano de Roraima (FEFFARR) foi fundada em 2018, inicialmente com quatro equipes. Hoje, o estado conta com seis times, dois femininos e quatro masculinos, e cerca de 70 atletas federados. No começo, a instituição se chamava apenas Federação de Futebol Americano.
Entre os times femininos, destacam-se as Medusas Flag e o Boa Vista Nornas, primeira equipe de flag criada no estado, em 2014. As Nornas também são as únicas a disputar uma Super Final do Campeonato Brasileiro da modalidade.

No masculino, os representantes são: Boa Vista Berserkers, Boa Vista Canaimés, Lobos do Norte Flag e Boa Vista Caçadores.
A presidente da federação, Mariana Cavalcante, explica que, apesar da evolução técnica dos times, a modalidade ainda enfrenta grandes obstáculos.
“Desde a criação da entidade, as equipes vêm se desenvolvendo, mas a falta de incentivo e de campos para treino dificulta o crescimento do esporte”.
Atualmente, a maioria dos treinos acontece na praça do Centro Cívico, em frente ao Palácio do Governo, durante a semana à noite e aos domingos, no fim da tarde.
Ela conta que, só em 2025, dois campeonatos foram disputados pelo Boa Vista Nornas. Em julho, a federação organiza o Torneio de Cooperação, com apoio das equipes. Em agosto, acontecerá a segunda edição do Campeonato Estadual de Beach Flag, uma variação do esporte jogada na areia, com campo ainda mais reduzido.
A competição mais aguardada do calendário local é o Campeonato Estadual de Flag Football, previsto para novembro, na Vila Olímpica de Boa Vista.
Paixão pelo esporte
Um dos nomes que acompanhou o crescimento da modalidade em Roraima é Felipe Santos, conhecido como “Pirulito”. Ele começou no flag em 2021, mas já participava do futebol americano local desde 2015. Hoje, atua pelo Boa Vista Berserkers, onde conquistou dois títulos estaduais.
“É o time do meu coração. Sangro por esses meninos, se for preciso. Fui ganhando a confiança do time, dos treinadores, e hoje tenho a honra de ser capitão do ataque e treinador das meninas do Nornas”, afirma Felipe.

Assim como Mariana, ele destaca a falta de estrutura e visibilidade como os maiores entraves.
“A gente ama o que faz, mas tem que ralar o dobro para conseguir competir. Não tem campo adequado, nem apoio financeiro. Os equipamentos são caros e muita gente nem sabe que a gente existe. O pessoal acha que é só porrada, mas o flag é acessível e dinâmico. Mesmo com poucos recursos, a gente não desiste. Treina em campo improvisado, compra material do próprio bolso, faz rifa. A gente segue na correria porque ama isso aqui”.
Falta de espaço na mídia local
Para o comunicador, Bernardo Silva, o flag ainda é pouco divulgado pela imprensa local, como outras modalidades não tradicionais. Segundo ele, a visibilidade depende também da iniciativa dos próprios atletas e organizadores.
“Se quem está dentro do esporte não faz ele aparecer, a gente da imprensa não consegue divulgar”, explica.

Bernardo também comenta a dificuldade de acesso à informação “É fácil saber onde vai ter jogo de futebol ou vôlei. Agora, vai tentar descobrir sobre beisebol ou flag… é complicado. Quem pratica precisa facilitar esse contato, porque o tempo da redação é curto e a demanda, grande”.
Mesmo com pouco conhecimento sobre o esporte, ele vê potencial no flag. “Essas modalidades precisam de mais gente comprometida em divulgar e criar raízes aqui em Roraima”.
Roraima no Campeonato Brasileiro de Flag
Nos dias 13 e 14 de junho, Manaus (AM) sediou a etapa Norte do Campeonato Brasileiro de Flag, reunindo equipes de diversos estados. Roraima participou com dois representantes, o Boa Vista Nornas e os Berserkers.
As equipes voltaram com bons resultados. Os Berserkers conquistaram o terceiro lugar, enquanto o time feminino ficou em quarto.
Segundo Mariana Cavalcante, os times roraimenses foram competitivos e jogaram de igual para igual com equipes mais experientes. “Conquistamos medalha contra um time que já foi campeão da etapa Norte. Isso mostra o nosso amadurecimento”, comentou.
Felipe também destacou o orgulho de representar o estado na competição. “Representar Roraima no Brasileirão de Flag é de arrepiar. A viagem foi longa, dormimos pouco. Entrei em campo com o coração na boca, na vontade de vencer. Ninguém acreditava na gente, mas sabíamos do nosso potencial. Fomos para cima e voltamos com uma medalha”.
Flag Football nas Olimpíadas
O Comitê Olímpico Internacional incluiu o flag football no programa oficial dos Jogos Olímpicos de Los Angeles 2028, junto com outras quatro novas modalidades. A decisão trouxe maior visibilidade ao esporte em todo o mundo e também em Roraima.
“As pessoas têm procurado mais o esporte, especialmente depois que virou olímpico. Está tendo um "boom" de interesse. Aqui no estado, o crescimento existe, mas ainda é mais tímido do que em outras regiões”, afirma Mariana.



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