Aumenta número de vítimas de sinistros de trânsito atendidas no HGR: Em 2024, quase 6.500 pessoas deram entrada no Grande Trauma do HGR
- Joao Gabriel Grana
- 4 de jul.
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Atualizado: 21 de jul.
Por: Edilson Rodrigues e Maciel Luiz

De janeiro a março deste ano, 1.926 vítimas de sinistros de trânsito deram entrada no Grande Trauma do HGR (Hospital Geral de Roraima). Ao comparar esse mesmo período de 2024 houve um aumento de 27,63%.
Em 2024, de janeiro a dezembro, o HGR atendeu 6.408 pacientes que sofreram lesões graves no trânsito. Os dados são do Serviço de Arquivo Médico e Estatística (SAME), da Secretaria Estadual de Saúde (Sesau).

Com relação a 2025, até o mês de março, o Grande Trauma da unidade realizou 1.926 atendimentos, sendo 153 pessoas em bicicletas; 201 estavam em carros; 1.441 em motocicletas; 66 em decorrência de atropelamento e 24 pessoas envolvidas em colisão entre veículos.

Em todo o ano de 2024, foram contabilizadas 6.408 entradas de pessoas no Grande Trauma do HGR. Do total, 417 estavam em bicicletas, 689 em carros, 4.851 pacientes de sinistro envolvendo motocicletas, 220 vítimas de sinistro em decorrência de atropelamento e 231 pacientes envolvidos em colisão entre veículos.
Os motociclistas são as maiores vítimas de sinistros de trânsito. No primeiro trimestre de 2024, foram 1.123 e no mesmo período de 2025 o número foi de 1.441, ou seja, um aumento de 28%.

Segundo o especialista em trânsito e representante do Observatório Nacional de Segurança Viária (ONSV) em Roraima, Maurício Prado, os sinistros de trânsito impactam a saúde pública, porque geram sobrecarga hospitalar, custos altíssimos para o sistema de saúde, consequências psicológicas nas vítimas, aumento da mortalidade e exposição das falhas em políticas de prevenção de acidentes.
“A Sesau [Secretaria Estadual de Saúde] é uma das secretarias com o maior orçamento do estado. Acredito que boa parte desse recurso é para arcar com despesas hospitalares de vítimas de sinistro de trânsito. São internações, cirurgias, TFD [Tratamento Fora de Domicílio], e isso gera um gasto para a saúde pública, dinheiro que poderia ser sendo investido em outras necessidades da população”, comentou Prado.
Aumento de atendimentos no HGR reflete na imprudência de motoristas no trânsito

Esse aumento de quase 28% no número de atendimentos a pacientes vítimas de sinistros de trânsito, que deram entrada no HGR é preocupante. É o que afirma o diretor de Segurança do Trânsito do Detran-RR (Departamento Estadual de Trânsito de Roraima), Gueres Mesquita.
Ele ressalta que esse percentual, é resultado de apenas três meses, que reflete diretamente no comportamento humano. “As autoridades de trânsito têm trabalhado, seja com fiscalização repressiva e com ações de educação, mas existe a necessidade urgente de mudança na conduta dos condutores”, ressalta o diretor.
Mesquita informa que a imprudência continua sendo a principal causa dos sinistros de trânsito. “Temos avenidas largas com boa sinalização, mas o comportamento de condutores é um fator que resulta em vítimas com lesões graves, lotando o Grande Trauma do HGR”, comenta.
Sobre a educação e aplicação da lei como solução, o diretor reforça que a mudança de comportamento dos condutores é um desafio, mas é essencial. “Trabalhamos para reduzir os números relacionados ao trânsito, mas os condutores também precisam fazer sua parte.
Questionado se a imprudência no trânsito poderia ser relacionada a preparação de futuros motoristas pelas autoescolas, Mesquita garante que não. “Os centros de formação de condutores fazem seu trabalho que é preparar o aluno para ser um motorista cumpridor da lei. É no Detran, durante a aplicação das provas teórica e prática, que sabemos se o aluno se preparou bem ou não para enfrentar o trânsito. Caso reprove, tem oportunidade de se preparar melhor”, disse Mesquita.
“População precisa se conscientizar sobre as leis de trânsito”, diz Prado.

Para minimizar os sinistros, Maurício Prado foi enfático ao dizer que a população precisa se conscientizar a respeito das leis de trânsito. “Nossos motoristas, ciclistas e pedestres precisam ser educados e respeitosos, e quando digo isso, me refiro a ficar atento não ser mais uma vítima com lesões graves”, ressaltou.
Com relação aos órgãos de trânsito que lidam com a segurança viária, Prado disse que essas instituições precisam realizar mais ações educativas como forma de sensibilizar as pessoas. “Mas essas campanhas devem ocorrer sempre, não somente num mês específico. Se quiserem mudar essa triste realidade do trânsito roraimense e reduzir os sinistros com vítimas fatais e lesões graves, se faz necessário agir com mais frequência junto aos nossos condutores de veículos, ciclistas e pedestres”, frisou.
Professor de espanhol se recupera de grave sinistro de trânsito.

Na parede da sala, as dezenas de medalhas trazem lembranças de dias de glória das inúmeras corridas de ruas que participou. O professor de espanhol e atleta Levi de Paula Souza sofreu um grave acidente de trânsito, às 4h45 da manhã do dia 29 de março deste ano.
Após três meses do ocorrido, o professor ainda carrega as consequências do sinistro provocado por uma motorista supostamente embriagada, que feriu gravemente mais três atletas e um deles veio a óbito.
“No mesmo dia fomos socorridos e levados ao hospital. Fiquei internado e passei por uma cirurgia, pois fraturei o platô da tíbia da perna esquerda. Depois de dois dias recebi alta. Hoje estou bem, mas fiquei um mês deitado sem pisar no chão e, após uma pequena melhora passei a usar muletas. Aos poucos estou andando, mas não consigo esticar a perna. Faço acompanhamento ortopédico e tenho melhorado. Meu sonho é voltar a fazer o que mais gosto, participar de corridas de rua”, contou Souza.



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