Plantando futuro: ação ambiental transforma o igarapé Caranã em símbolo de recuperação e conscientização em Boa Vista
- Joao Gabriel Grana
- 18 de ago.
- 3 min de leitura
Ação conjunta de reflorestamento transforma área urbana de Boa Vista, une instituições e promove cidadania ambiental
Por Vinícius Santos Picanço

Moradores do bairro Caranã, estudantes da Universidade Federal de Roraima (UFRR) e servidores do Tribunal de Justiça de Roraima (TJRR) e do Tribunal Regional Eleitoral de Roraima (TRE-RR) se uniram em uma ação ambiental inédita: o plantio de mudas de espécies nativas da Amazônia nas margens do igarapé Caranã, na zona oeste de Boa Vista. A ação faz parte de um esforço conjunto para recuperar áreas degradadas, promover educação ambiental e contribuir para o combate às mudanças climáticas no estado mais ao norte do Brasil.
Por que o Igarapé Caranã?
Com a expansão da área urbana e ocupações irregulares ao redor do igarapé, o local sofreu intensa degradação ambiental. O descarte irregular de lixo, ligações clandestinas de esgoto e desmatamento das margens contribuíram para a poluição da água, agravada durante o período de chuvas. Essa poluição pode causar sérios riscos à saúde pública, como doenças de veiculação hídrica (cólera, diarreia, hepatite A, leptospirose, entre outras).
A educação socioambiental é uma ferramenta poderosa para engajar comunidades urbanas e rurais na defesa do meio ambiente. A cartilha da CAERR, elaborada em parceria com o ACNUR, mostra como pequenas ações diárias podem gerar grandes transformações.
A importância do plantio

Durante a ação, foram plantadas mudas de anjico, jatobá e ipê, espécies nativas que ajudam a restaurar a mata ciliar, proteger o solo contra a erosão, melhorar a qualidade da água e aumentar a biodiversidade local.
Segundo o professor Diego Lima de Souza Cruz, do curso de Agronomia da UFRR:
“O Igarapé Caranã sofre com poluição, balneários e fossas irregulares. Plantar árvores nesse trecho ajuda a proteger o solo, filtrar as águas e recuperar o meio ambiente da cidade.”
Ele reforça ainda que o trabalho é também educacional e simbólico:
“Esse trabalho vira uma vitrine, vira inspiração para outras ações que podem vir depois dele.”
Educação ambiental e protagonismo jovem

A ação também tem caráter pedagógico. Estudantes da UFRR participaram diretamente da atividade, colocando em prática os aprendizados sobre sustentabilidade e manejo ambiental. Além disso, moradores da região também se engajaram, como destaca Danieli Tupinambá:
“A gente mora num clima muito quente e só tiram as árvores. Precisamos plantar e substituir para conservar nossa biodiversidade e amenizar os efeitos das mudanças climáticas.”
Conexão com a Política Carbono Zero do CNJ
Essa atividade se integra à Política Carbono Zero do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) que visa conter os efeitos das mudanças climáticas por meio de práticas sustentáveis nas instituições públicas. Ações como o plantio de árvores são parte dos compromissos assumidos pelos órgãos do judiciário brasileiro para reduzir a emissão de gases do efeito estufa até 2040.
O papel das instituições
O evento foi promovido de forma colaborativa pelas seguintes instituições:
TJRR, por meio da Coordenadoria de Gestão Socioambiental;
TRE-RR, por meio do Comitê de Sustentabilidade;
UFRR, através de docentes e alunos da Agronomia;
Apoio da comunidade local, servidores públicos e lideranças ambientais.
O que mais pode ser feito?
A restauração ecológica do Caranã é um passo inicial. Os próximos desafios envolvem:
Fiscalização contínua das áreas de preservação;
Educação ambiental nas escolas da região;
Monitoramento da qualidade da água e da flora;
Estímulo a ações semelhantes em outros igarapés urbanos de Boa Vista (como o Igarapé Mirandinha, Pricumã, Caxangá etc).

A ação no Caranã é uma ação social de restauração ecológica urbana. De acordo com o Manual Prático de Reflorestamento da Pequi Ambiental, reflorestar não é apenas plantar árvores: é restaurar um ecossistema inteiro. Técnicas como nucleação, plantio misto e uso de espécies nativas contribuem para atrair fauna, melhorar o microclima e aumentar a biodiversidade local.

Iniciativas como essa conectam ciência, cidadania e política ambiental, mostrando que a recuperação de áreas degradadas exige planejamento, acompanhamento técnico e envolvimento da comunidade.




Comentários