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Orgulho roraimense: Atletas do Beach Handball conquistam bronze mundial e projetam o estado no cenário esportivo

Por trás do histórico campeão das jovens promessas da modalidade, está um forte alicerce que há alguns anos fortalece a seleção de base do Beach Handball roraimense


Por Gabriel Mello e Lucas Gabriel 


Dois jovens atletas roraimenses estão levando o nome do estado cada vez mais longe. Túlio Torres, de 15 anos, e Newton Venzel de 16, atletas do Clube Atlético Independente, conquistaram o terceiro lugar no Mundial de Beach Handball Sub-17 com a Seleção Brasileira, disputado na Tunísia, no último domingo, 22


O feito histórico coloca Roraima no mapa da modalidade e evidencia o potencial dos talentos formados no extremo Norte do país. Os atletas destacaram a emoção de representar o Brasil e, acima de tudo, o orgulho de levar a bandeira de Roraima para uma competição mundial.


Túlio e Newton ao lado de Júnior Cardoso, técnico da Seleção Brasileira durante a premiação do mundial Sub-17, na Tunísia. Arquivo pessoal Elton Guedes.
Túlio e Newton ao lado de Júnior Cardoso, técnico da Seleção Brasileira durante a premiação do mundial Sub-17, na Tunísia. Arquivo pessoal Elton Guedes.

“Foi uma sensação incrível, muito bom poder orgulhar o nosso povo. Na hora que a gente perdeu a semifinal, fiquei muito triste porque eu queria trazer o ouro. Mas quando começou a disputa pelo terceiro lugar eu falei: eu não vou voltar sem título para casa, não. Então a gente foi lá e buscou o terceiro lugar para trazer para Roraima”, disse Newton.


“Para mim foi a realização de um sonho que eu tenho de infância, um sonho que eu acreditei muito desde que eu comecei a treinar handebol. Eu sempre alimentei esse sonho com muita vontade e muita determinação e acabou que tive a recompensa. É uma sensação inexplicável e muito única viver esse campeonato”, completou Túlio.



Além disso, a dupla já vinha se destacando antes da competição mundial. Em 2024, eles foram vice-campeões Sul-Centro Americano de Beach Handball, o que ajudou a consolidar a confiança da comissão técnica da Seleção Brasileira de base no trabalho que vêm desenvolvendo e os colocou na mira da convocação para o Mundial Sub-17. Newton conta como foi esse processo de avaliação e convocação.


“Eu já esperava ter sido convocado pela última competição que nós fizemos no Sul-centro no Chile. E mesmo que já esperado, fiquei muito feliz com a notícia da convocação. Mas antes de toda convocação, tem duas etapas: a Norte e Nordeste, e a Sul e Sudeste. As etapas chamam 20 atletas do Norte e Nordeste, e 20 atletas do Sul e Sudeste. Desses 40 atletas, apenas 10 são convocados pela seleção”, explicou o jovem atleta.


O trabalho de base: de Boa Vista para o mundo


Por trás desse sucesso, está o trabalho do professor Elton Guedes, técnico do Clube Atlético Independente, equipe que revelou Túlio e Newton para os holofotes internacionais. Além de ser pioneiro do beach handball em Roraima, o professor já acumula uma vasta experiência como treinador.


“Eu não gostava da modalidade, eu achava que atrapalhava o handebol de quadra, que sempre foi minha especialidade. E quis o destino que as meninas da Universidade Federal, equipe que na época eu comandava na quadra, participassem do campeonato de areia, que foi lá em Anchieta no Espírito Santo em 2017. E aí elas foram prata nesse campeonato”, contou o professor.


Logo após o bom resultado na nova modalidade, que na época ainda engatinhava na adesão ao mundo esportivo, Elton procurou se especializar nas areias em busca de mais vitórias e experiência como treinador. Juntamente aos seus atletas universitários, o técnico conquistou o quarto lugar masculino e feminino em Aracaju no circuito brasileiro de Beach Handball. Em Manaus, foi prata na categoria feminina e bronze com a masculina. Em Brasília, foi bronze no masculino e feminino.


Entretanto, mesmo com a vitoriosa caminhada com os atletas, Elton abriu mão de atuar com a equipe adulta para investir nas categorias de base. Uma decisão estratégica que começou a dar frutos concretos.


“O pessoal foi envelhecendo, foi saindo da faculdade e eu sentia a necessidade de começar um trabalho novo. E aí na época [2021] eu estava como técnico da Seleção Roraimense Escolar de Quadra. E aí chamei a molecada e a gente veio para a areia’’, contou o professor.


“E nesse meio tempo, saiu o calendário da Confederação Brasileira, sobre a Copa do Brasil de Beach Handball [2022], em João Pessoa. A gente se organizou, fiz reunião com os pais, e dei a ideia de participar. E a gente na loucura foi para João Pessoa. E lá a gente disputou a medalha de bronze onde o João Mateus, o “Jota”, foi eleito o melhor lateral esquerdo da competição ", complementou.


“Jota” ao que o professor se refere, foi seu aluno de handebol de praia e o primeiro atleta de Roraima a participar de competições internacionais de Beach Handball. Além da boa fase nos campeonatos nacionais, o atleta também se destacou mundo afora.


“Tivemos a grata satisfação de já ter três atletas dentro do grupo de seleção brasileira. O “Jota” foi o primeiro, foi vice-campeão mundial, e foi campeão mundial universitário, e agora tem o Newton e o Túlio que foram prata no Sul-Centro-Americano, no Chile no ano passado e esse ano foram convocados, foram para Tunísia e voltaram com o bronze”, explicou Elton.



Projeto em praça pública: esporte como transformação social


Além do trabalho com a base competitiva, Elton lidera um projeto social no complexo poliesportivo Ayrton Senna, em parceria com o Clube Atlético Independente, onde leciona Beach Handball para crianças de 7 a 12 anos. O treinador acredita que a conquista de Túlio e Newton abre portas e inspira novos talentos. 



 Professor Elton em treinamento com sua equipe infantil de Beach Handball. Arquivo pessoal: Gabriel Mello.

“A molecada acaba sendo referência para os pequenos. Na escolinha os meninos ficam olhando eles fazendo as atividades assim, poxa, eu quero chegar lá também. E assim como foi com eles [Túlio e Newton], que viram o “Jota” jogando lá no Mundial e se inspiraram, e hoje eles são referência para os pequenos”, comentou o técnico.



A escolinha atende pouco mais de 20 crianças e os gastos com materiais, como redes, bolas, fitas, cones, é custeada pelo próprio treinador com a ajuda de custo em forma de uma “mensalidade simbólica”, paga pelos pais dos alunos da escolinha.


Contudo, a meta agora é ampliar o projeto e continuar revelando nomes para o Beach Handball nacional e internacional. E apesar de todas as dificuldades e adversidades que o esporte enfrenta no cenário atual, como por exemplo, a falta de patrocinadores, a recompensa para Elton, é ver seus alunos alçarem voos cada vez mais altos.


Eu sou apaixonado nisso aqui, sabe? A minha paixão é ver o moleque do nada, do zero, que não conhecia a modalidade e veio, aprendeu, deu os primeiros passos aqui. Eu sei que Túlio e Newton aprenderam muito com o pessoal da seleção brasileira, que os técnicos de seleção passaram muito conhecimento para eles. Mas o básico, do início, a descoberta do talento, as ações iniciais, foi aqui. Quem incentivou, quem motivou eles a fazer parte disso tudo, a sonhar em estar na seleção, foi aqui”, disse em tom de orgulho o professor.


Túlio e Newton brincando em uma partida de Beach Handball com seus pequenos admiradores. Arquivo pessoal: Gabriel Mello

Beach Handball: das areias às Olimpíadas


O Beach Handball, ou handebol de praia, surgiu oficialmente na Itália no início da década de 1990 como uma alternativa mais dinâmica e adaptada às condições das praias europeias. Desde então, o esporte cresceu exponencialmente, ganhando adeptos em todo o mundo, especialmente em países com forte tradição no handebol. A combinação de técnica, agilidade, estratégia e espetacularidade logo conquistou fãs e atletas.


Reconhecido pela Federação Internacional de Handebol (IHF), o Beach Handball passou a fazer parte do circuito mundial e, em 2022, foi oficialmente incluído no programa dos Jogos Olímpicos da Juventude. A expectativa agora é de que a modalidade entre no programa das Olimpíadas principais nos próximos anos, consolidando-se como um dos esportes emergentes mais promissores da atualidade.


Nesse cenário, o Brasil se destaca como uma verdadeira potência mundial. A seleção brasileira de Beach Handball acumula títulos expressivos, sendo considerada uma das mais vitoriosas do planeta. No masculino e feminino, o Brasil já conquistou diversos campeonatos mundiais e títulos no World Games, que é o principal evento multiesportivo do mundo para esportes não olímpicos.


Entre os principais feitos da seleção brasileira estão:


  • Bicampeonato Mundial Masculino (2006 e 2012)


  • Tricampeonato Mundial Feminino (2006, 2012 e 2014)


  • Múltiplos títulos do World Games, incluindo ouro nas edições de 2005 (feminino), 2009 (masculino e feminino) e 2013 (masculino)



Com esse histórico vencedor, o Brasil se mantém como referência técnica e tática na modalidade, sendo inspiração para atletas em formação como os roraimenses Túlio e Newton, que agora escrevem seus próprios capítulos nessa história de sucesso.




 
 
 

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