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Especialistas falam sobre desafios e como lidar com o paladar infantil

Por Juliana Mourão


Sempre tem aquela fruta ou legume que não agrada muito ao nosso paladar. Deixar de comer uma verdura aqui ou ali, não chega a prejudicar o organismo, mas ter uma forte resistência a consumir esses alimentos pode ser sinal do “paladar infantil”, ou seja, resistência a inserir alimentos mais saudáveis na rotina. 


O nome popular leva o adjetivo “infantil” mas se aplica a jovens e adultos. A jornalista Fernanda Vasconcelos, de 26 anos, já não se interessava muito pelos legumes e verduras quando criança, e o costume permanece durante a vida adulta. 


“Eu só como alface se tiver tomate, porque acho a alface amarga. Frutas, só banana, morango, uva e maçã. Quando criança, vomitei cenoura porque me obrigaram a comer e isso me afastou de outros alimentos. É difícil até para sair e comer com outras pessoas, fico constrangida quando tenho que tirar alface ou tomate do sanduíche”, compartilhou Fernanda. Em entrevista ao portal Caxiri, a nutricionista Talita Nascimento contou que existe um termo técnico para a condição, que pode trazer danos ao organismo, uma vez que a falta dos nutrientes pode ser prejudicial.“O termo popular ‘paladar infantil’ é frequentemente usado para descrever adultos com preferência por alimentos muito doces, ultraprocessados e baixa aceitação de frutas, legumes e verduras (FLV). O termo mais técnico e apropriado, usado na nutrição comportamental, é: neofobia alimentar (recusa a experimentar novos alimentos), restrição alimentar seletiva ou alimentação seletiva persistente na vida adulta. Em contextos clínicos, pode-se usar o diagnóstico de ARFID (Transtorno de Evitação/Restrição da Ingestão Alimentar), quando a seletividade é extrema e causa prejuízos físicos ou psicossociais", destacou a especialista.Para a Fernanda, esses sintomas já chegaram. A queda de cabelos e fraqueza nas unhas assustaram a jovem, fazendo com que ela buscasse ajuda de profissionais da saúde. 


“Comecei a perder cabelo e unha, e não sabia o que estava acontecendo. Achei que fosse estresse. Mas, recentemente, fiz alguns exames e me disseram: ‘você está desnutrida’. Isso me impactou de várias formas, porque eu não imaginava que deixar de comer verduras e legumes poderia causar esse tipo de consequência. Meu cabelo começou a cair bastante, e só então descobri que era por causa da desnutrição”, disse a jornalista. 


A reportagem fez uma enquete, que ouviu 13 pessoas. A pergunta feita aos entrevistados foi: Adultos devem comer frutas, verduras e legumes, mesmo sem gostar? Confira abaixo o gráfico das respostas e um áudio com algumas das respostas:


(Fonte da Pesquisa: Portal Caxiri)
(Fonte da Pesquisa: Portal Caxiri)
audio 01

O incentivo ao consumo de FLV na infância pode evitar essas situações na vida adulta, explorando diferentes formas de incluir opções naturais. A nutricionista garante que há formas de ter uma dieta equilibrada, saudável, e que possa ser agradável ao paladar. 



“A ideia é trabalhar a familiarização em etapas — visual, tátil, olfativa e gustativa — além de explorar formas diferentes de preparo, temperatura e apresentação dos alimentos.  O objetivo não é forçar o paciente a gostar de tudo, mas ampliar sua flexibilidade alimentar, ressignificar experiências e reconstruir a relação com a comida de forma leve, sem culpa", explica Talita.


Parte emocional: a restrição pode ser associada a traumas de infância?


Segundo a psicóloga Thayna Oliveira, a seletividade pode ser sim associada a episódios traumáticos na infância. Porém, essa é uma exceção à regra. 


“O caso de um trauma de infância seria, por exemplo, se uma criança não quis comer brócolis e a mãe teria o forçado a comer por dias, ou então ‘tudo que eu tinha pra comer na minha casa era um brócolis, então eu comi brócolis durante muito tempo’. Normalmente, são comidas específicas”, disse Thayna. 


Dessa forma, a exclusão de grande parte de alimentos naturais da dieta pode não ser necessariamente algo traumático, mas um costume que pode ter sido desenvolvido desde a infância. 


"Se uma dieta que desde sempre foi rica em açúcar, e a pessoa não quer comer outras coisas, então ela não tem o costume. Então, quando você crescer, você vai continuar comendo as mesmas coisas”, complementa Thayna.


 
 
 

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