Conflito Israel-Irã: Tensão geopolítica e impactos globais em um cenário de cessar-fogo frágil
- Joao Gabriel Grana
- 16 de jul.
- 3 min de leitura
Especialistas analisam as raízes históricas do embate que deixou milhares de mortos e feridos.
Por Lucas Aires e Wesley Vieira

As últimas semanas foram marcadas pelo conflito bélico entre Israel e Irã, iniciado com um ataque aéreo israelense no dia 13 de junho, que resultou em, pelo menos, 78 mortos e 329 feridos, segundo agências de notícias iranianas.
A ofensiva provocou uma série de retaliações por parte do Irã, incluindo ataques com mísseis e drones, além de ameaças contra alvos estratégicos. Israel respondeu com bombardeios intensos e ações de sabotagem cibernética.

Para o professor de Relações Internacionais da Universidade Federal de Roraima (UFRR), Glauber Cardoso Carvalho, o cenário do conflito entre Israel e Irã é de cessar-fogo, mas há uma fragilidade no contexto das negociações em uma eventual paz e sem previsão de estabelecimento de possíveis acordos.
Sobre a posição oficial do governo brasileiro, Glauber explica que foi de condenação à ofensiva israelense, que tomou a iniciativa.
O professor também explica que os efeitos econômicos relacionados ao conflito, afetariam o aumento do preço do petróleo, ocasionando uma pressão inflacionária.
O conflito acontece, em grande parte, por meio de grupos financiados e apoiados por ambos os lados. Israel acusa o Irã de tentar expandir sua influência no Oriente Médio por meio de guerras por procuração. No entanto, o programa nuclear iraniano, apesar de declarado como pacífico por Teerã, levanta suspeitas entre os governos ocidentais. Israel tem adotado medidas ofensivas, como ataques cibernéticos e sabotagens em instalações nucleares iranianas. A possibilidade de o Irã adquirir armamento nuclear é vista como uma ameaça existencial.

No dia 24 de junho, após mediação internacional, Israel e Irã anunciaram cessar-fogo e declararam vitória. No entanto, ambos os países seguem atentos diante da possibilidade de possíveis violações. Até aqui, o saldo é de pelo menos 963 mortos, sendo quase 8 mil feridos, mais de 2 mil ataques e centenas de prisões. Os números foram divulgados pelas autoridades dos dois países.

A rivalidade entre Israel e Irã não está baseada em disputas territoriais diretas – os dois países não fazem fronteira –, mas possui raízes históricas e ideológicas. Antes de 1979, as nações mantinham relações diplomáticas, econômicas e militares. Isso mudou com a Revolução Islâmica, que instituiu um regime teocrático xiita no Irã.
O professor de História Alfredo Souza contextualiza a virada histórica nas relações entre os dois países, destacando como a revolução de 1979 redefiniu o posicionamento do Irã frente a Israel e moldou o embate ideológico que permanece até hoje.
Os reflexos desse conflito não se limitam à região do Oriente Médio, mas influenciam o equilíbrio político e econômico em diversas partes do mundo — inclusive na América Latina. Alfredo analisa os impactos mais amplos desse cenário.
O professor também critica a postura do governo brasileiro, que, segundo ele, tem se mostrado mais próximo de posições favoráveis à causa palestina, ao contrário de outros líderes da América Latina, como Javier Milei, da Argentina, e Nayib Bukele, de El Salvador, que adotam uma linha pró-Israel.
“Países como a Venezuela, Nicarágua e Cuba mantém alianças estratégicas com o Irã, inclusive com a presença diplomática ativa, de acordos militares e energéticos, e é claro que isso também está debaixo de uma influência maior de potências globais, então essa guerra envolve interesse dos Estados Unidos, da Rússia, da China, que são potências que têm relações econômicas e políticas com a América Latina, podendo usar essa região como um grande palco de influência”, finaliza.




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