Cesta básica compromete quase metade de um salário mínimo em Boa Vista
- Joao Gabriel Grana
- 30 de jul.
- 3 min de leitura
Mesmo com queda em junho, alimentação continua pesando no orçamento dos consumidores
por: Mell Maximiana e Ana Rízia

O custo da alimentação tem se tornado um desafio para os moradores de Boa Vista, um levantamento feito no mês de junho pela Secretaria de Planejamento e Orçamento (SEPLAN-RR) mostra que a cesta básica alimentar custa em média R$652,48 o que representa cerca de 43% de um salário mínimo, atualmente em R$1.518.
Esse cenário revela o impacto direto da inflação no orçamento das famílias brasileiras, que precisam destinar uma parcela significativa do salário para garantir o básico. Entre os trabalhadores de baixa renda, esse peso é ainda maior, já que os alimentos consomem grande parte dos ganhos mensais, comprometendo outras despesas essenciais.
É o caso de Ruth Henke, moradora de Boa Vista, que sente no dia a dia o peso dos aumentos no orçamento familiar. Para ela, itens como frango, carne, verduras e legumes foram os que mais encareceram ao longo do ano. “A gente percebe que algumas coisas aumentaram bastante de preço, sempre comentamos em casa, principalmente do café”, relata.

O café e o tomate se destacam entre os produtos que mais apresentaram alta no primeiro semestre do ano e, juntos, representam cerca de 22% do valor total da cesta básica. O economista, Fábio Martinez, explica que essas variações são resultado de diversos fatores como o aumento da demanda internacional, escassez de produtos, condições meteorológicas e quebras de safra, como no caso do café.
Além disso, Martinez destaca que a localização de Roraima e a dependência de produtos de outras regiões tornam o estado ainda mais vulnerável às variações de preços.

Em comparação aos outros meses de 2025, junho registrou o segundo menor valor da cesta básica em Boa Vista, ficando atrás apenas de janeiro, quando o custo foi de R$ 639,99. Fevereiro, por outro lado, marcou o pico do ano até agora, com a cesta atingindo R$ 660,64.
Mas mesmo com a queda no valor total, o custo da alimentação ainda permanece elevado, por isso, muitas famílias têm repensado seus hábitos de consumo e renunciado a outros gastos. Ruth conta que ela mesmo, para equilibrar o orçamento, precisou abrir mão de algumas despesas. “Como tenho três filhos, priorizo a alimentação saudável em casa. E por isso acabo cortando coisas como lazer e saídas para garantir uma boa alimentação”, comenta.

A pesquisa da SEPLAN também mostra que o preço da cesta varia entre as regiões da cidade. Em junho, por exemplo, o custo na zona 6, que inclui bairros como Nova Cidade, Operário e Raiar do Sol, foi de R$ 631,66, enquanto na zona 1, que abrange bairros como 31 de Março, Caçari e Canarinho, chegou a R$ 669,68. Por isso, muitos consumidores têm pesquisado antes de sair de casa para fazer as compras, buscando as melhores promoções.
Ruth conta qual sua rotina de compras para economizar
Apesar das dificuldades enfrentadas, Fábio Martinez aponta que há uma previsão otimista para os próximos meses. Segundo ele, uma safra boa deve contribuir para a estabilização ou até mesmo queda nos preços dos produtos alimentícios.
Enquanto isso, famílias como a de Ruth seguem adaptando suas rotinas e prioridades para enfrentar a alta no custo da alimentação. A busca por alternativas mais acessíveis e a reorganização das despesas é fundamental para que as famílias consigam manter a qualidade de vida mesmo em tempos de desafios econômicos.




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